'Enquanto meu pai reza pela guerra, eu rezo pela paz', diz filho de Bin Laden

MARIA CAROLINA ABE
DE SÃO PAULO  

Ele já teve um orquidário, plantou girassóis, gosta de manga e abobrinha recheada. Mas proíbe geladeira, remédios e rir mostrando os dentes. Homem mais procurado do mundo, Osama bin Laden já foi criança e também pai de família. 

E que família. Com o objetivo de "dar muitos filhos ao islã", acumulou 20 rebentos em seis casamentos --um que acabou em divórcio e outro que foi anulado.

Apesar de não concordar com os métodos violentos do pai, seu quarto filho, Omar, tampouco concordava com o que era dito na imprensa. Decidiu contar ao mundo as alegrias e mazelas da família. 

Em parceria com a mãe, Najwa --a primeira mulher de Osama e que lhe deu 11 filhos-- e com a ajuda da autora Jean Sasson, escreveu "Sob a sombra do terror" (BestSeller, 432 pág., R$ 35). 

"Enquanto ele reza pela guerra, eu rezo pela paz", conta no livro Omar, que concedeu entrevista exclusiva à Folha por e-mail. 

Omar deixou o Afeganistão em 2001, alertado de que "algo muito grande" estava por vir. Diz não saber o paradeiro do pai e como ainda não foi encontrado. "Ele está cercado por pessoas leais, que morreriam para protegê-lo", diz. "Eles o amam." 

Casado pela segunda vez e pai de um filho, Omar acaba de se mudar para outro país no Oriente Médio --que não revela. O governo deste país, conta, impôs restrições a seu contato com a imprensa. 

Apesar do sobrenome, Omar diz levar uma vida normal. "Há muitos membros da família Bin Laden no mundo e sou geralmente tratado com respeito." 

Ele começou parceria com uma empresa britânica, trabalhando com contratos de construção, elétrica e mecânica. Também gostaria de viajar pelo mundo "para ver diferentes culturas e conhecer pessoas". 

Sobre o Brasil, diz: "Sei que é um país enorme, extremamente diversificado e muito bonito. Ouço que as pessoas são muito simpáticas e bonitas". E que "amaria visitar o país um dia." 

COTIDIANO
 
Najwa e Osama se casaram em 1974, ela com 15 e ele com 17. Vieram os filhos e as novas mulheres de Osama. 

Calmo, mas rígido, ele era linha-dura. Não tinham TV, não podiam usar geladeira ou ar-condicionado. Fogão e iluminação elétrica, ok. Sorrir sim, rir às vezes, mostrar os dentes jamais. 

Brinquedos eram proibidos. O pai Osama só cedia quando o assunto era futebol. "Ele confessou que gostava de jogar futebol e que jogaria com a gente quando tivesse tempo", conta Omar. 

Mas o tempo era algo escasso para um Osama cada vez mais envolvido com atividades políticas e militares.
Mesmo alguns filhos tendo asma, Osama não admitia remédios ou inalador. 

Refrigerantes nem pensar, nem gelo na bebida. Osama preferia chá ou mel com água quente e ordenava que os filhos só bebessem quantidades mínimas de água para tornarem-se resistentes. 

De toda a prole de Osama, porém, há notícias de poucos após a invasão dos EUA ao Afeganistão, em resposta ao 11 de Setembro.

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