Após referendos, americanos preveem onda de legalização da maconha


Referendos em Washington (acima), Alasca e Oregon aprovaram medidas pelo uso recreativo da maconha

A adesão de dois novos Estados e da capital americana à legalização do uso recreativo da maconha pode abrir caminho para uma onda de iniciativas semelhantes nos Estados Unidos.
Dois anos depois de Colorado e de o Estado de Washington terem sido pioneiros na legalização, Alasca, Oregon e a capital, Washington, seguiram o mesmo caminho em referendos nesta terça-feira.
Em outros Estados, como Maine, cidades aprovaram (e outras rejeitaram) a legalização da posse de pequenas quantias para uso recreativo, em iniciativas consideradas simbólicas, já que vale a proibição estadual.
Além disso, Guam tornou-se o primeiro território americano a aprovar o uso medicinal da maconha, que já é legal em 23 Estados e na capital.
Na Flórida, 57% dos eleitores também votaram pela legalização do uso medicinal. Mas como a lei estadual exige um mínimo de 60%, a medida não foi aprovada.
"Podemos esperar que o movimento pela legalização se amplie e que 2016 seja o ano mais crucial para a maconha nos Estados Unidos", prevê o analista John Hudak, do instituto Brookings.
Califórnia, Massachusetts, Maine, Nevada e Arizona estão entre os Estados que podem colocar a legalização em votação em 2016, quando ocorrem eleições presidenciais nos EUA.

Mudanças

Para apoiadores da legalização, os resultados de terça-feira indicam que os americanos estão mais abertos à ideia.
No Oregon, a proposta que legaliza a posse de pequenas quantias da droga por maiores de 21 anos e cria um sistema estadual para regular a produção e a venda foi aprovada por 54% dos eleitores, contra 46% que optaram pelo "não".
No Alasca, Estado tradicionalmente conservador, o "sim" venceu por 52% contra 48%.
Na capital, onde a proposta não inclui regulação do mercado, mas apenas legalização da posse e o cultivo pessoal de pequenas quantias, 69% dos eleitores optaram pelo "sim".
"Essas vitórias são ainda mais notáveis por terem ocorrido em um ano em que os democratas foram castigados nas urnas", diz Ethan Nadelmann, diretor-executivo do grupo nacional pró-legalização Drug Policy Alliance.
"Não é mais somente uma causa liberal, mas também conservadora e bipartidária", afirma Nadelmann.
Líderes conservadores, como o senador republicano Rand Paul, vêm manifestando apoio à descriminalização da maconha, bandeira que até pouco tempo atrás era defendida principalmente por democratas.

Financiamento

Para analistas, as vitórias nos referendos de terça-feira se devem em parte ao grande fluxo de dinheiro investido nas campanhas pró-legalização por organizações nacionais, como a Drug Policy Alliance, que tem o apoio de nomes como o bilionário George Soros, e o Marijuana Policy Project, com sede em Washington.
"Em ambos os Estados (Alasca e Oregon) e na cidade de Washington, os defensores da legaliação têm melhor financiamento que seus adversários. Essa vantagem monetária, aliada às experiências no Colorado e no Estado de Washington, favorecem a legalização", diz Hudak.
Os resultados obtidos até agora no Colorado e no Estado de Washington inspiram tanto defensores quanto opositores da legalização da maconha.
Os apoiadores afirmam que essas duas experiências iniciais foram bem-sucedidas, além de insistirem que a proibição não coíbe o uso da droga e só beneficia o tráfico.
Opositores dizem que é muito cedo para avaliar os resultados da legalização nos dois Estados e citam temores de que a legalização leve a um aumento no consumo, inclusive por crianças, por meio de produtos comestíveis à base de maconha. Mencionam ainda o perigo de que usuários possam causar acidentes em estradas ao dirigir sob o efeito da droga.
Apesar da vitória da legalização, os adversários da medida tentam manter o otimismo.
"Apesar de não termos ido tão bem quanto esperavamos, as pequenas margens de vitória mostram que estamos desacelerando o trem da legalização", diz Patrick Kennedy, conselheiro do grupo Smart Approaches to Marijuana (SAM), que faz campanha contra a legalização.
"Esta tem sido uma batalha de Davi contra Golias. (Os defensores) gastaram 20 vezes mais que nós, mas nossa determinação ficou mais forte", afirma Kennedy.
O presidente do SAM, Kevin Sabet, diz que, a partir de agora, os ativistas contrários à legalização vão se empenhar ainda mais.
"Vamos redobrar nossos esforços", promete.

caverna com a BBCbrasil

0 comentários:

Postar um comentário