Rio - Após uma semana de pressão da opinião pública, o presidente da Câmara Municipal do Rio, vereador Jorge Felippe (PMDB), anunciou ontem que pretende suspender a compra dos 51 carros de luxo para os vereadores — cada veículo custa R$ 69.100 aos cofres públicos. O único problema é que 33 veículos já foram pagos, em operação que dispensou a licitação, no valor total de R$ 2.282.880, e agora ninguém sabe o que fazer para evitar o prejuízo.

O que você achou da decisão da Câmara dos vereadores de suspender a compra dos carros? 

Achei certa. Eles viram que a população não concordava e voltaram atrás.
Suspenderam, mas daqui há algum tempo voltam atrás.
Não gostei. Acho que os parlamentares têm direito a ter um automóvel.



Irritado com colegas que, segundo ele, mudaram a opinião inicial “em atitude omissa”, Jorge Felippe convocou os vereadores uma reunião na terça-feira. Segundo a assessoria da Câmara, a Mesa Diretora agiu dentro da lei ao dispensar licitação, pois apenas uma fábrica, a Volkswagen, produz o modelo escolhido: o Jetta 2012.

A montadora informou ontem à tarde que ainda não tinha sido informada sobre o cancelamento da compra. “É possível tentar um reembolso e contar com a generosidade da montadora. Temos que saber o que a Câmara quer”, disse Jorge Felippe.

O vereador sugeriu que o dinheiro pago pelos carros seja revertido para a compra de vans, que serviriam às diversas comissões da casa. E foi criticado por colegas contrários à aquisição da frota. “Em nenhuma comissão, ninguém vai me ver de carro oficial. Vou usar meu veículo”, disse Tereza Bergher (PSDB).

Andrea Gouvêa Vieira, do mesmo partido, completou: “Há 20 anos que os vereadores não têm carro. Todos recebem gasolina de graça e têm motoristas. Não existe a necessidade dos carros”.

Durante a semana, vereadores como Renato Moura (PTC), Carlinhos Mecânico (PPS), Jorge Felippe (PMDB) e Prof. Uóston (PMDB) se manifestaram a favor da compra. “Não podemos ser sacerdotes da sociedade e retirar coisas do sustento de nossas famílias”, alegou Uóston. 

“Decisão foi amoral”

Após a reunião, em março, quando a Mesa Diretora da Câmara decidiu que compraria carros luxuosos para os vereadores, apenas cinco deles apresentaram ofício recusando os veículos por escrito: Paulo Pinheiro (PPS), Andrea Gouvêa (PSDB), Leonel Brizola Neto (PDT), Eliomar Coelho (PSOL) e Tereza Bergher (PSDB).

“A decisão da compra não foi ilegal, mas foi amoral. Deviam ter levado isso ao plenário”, opinou Andrea Gouvêa. Paulo Pinheiro acrescentou: “Foi um erro e agora a Mesa Diretora tem que resolver. Deve pedir à Procuradoria da Câmara que faça o possível para ter o dinheiro de volta”.

Ontem, o balconista José Joel de Lima, 52 anos, se acorrentou na mureta em frente à Câmara para protestar. Ele lembrou da situação ruim das escolas.

AIRBAG
O Jetta escolhido para os vereadores tem quatro airbags, para bancos dianteiros e traseiros. 

SENSOR 
O automóvel tem sensores de estacionamento atrás e na frente. Emite sinais sonoros quando se aproxima de obstáculo, facilitando estacionar.

CD PLAYER COM MP3
Conforto e luxo ainda maior: CD player com MP3, bluetooth e bancos de couro.

PREÇO
R$ 69.100

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